domingo, 13 de julho de 2008

Faltam lágrimas nas ruas.

As fotos e o título no post passado, tudo pra mostrar como é estranho chorar e ver alguém chorando em público e como cada vez mais fica mais esquisito nem que seja soluçar ligeiramente.É raro ver alguém chorando na calçada, no trânsito, na padaria e até mesmo no point dos bebuns,o bar. Faltam lágrimas nas ruas. Não obstante, quando alguém chora é objeto de atenção, as pessoas param pra ver a miséria do outro. A multidão que passava com toda sua determinação, diminui o passo e encara a cara infeliz de quem está chorando. Enfim, chorar em público tornou-se uma performance. Todos querem saber o que aconteceu, qual o motivo da tristeza e até mesmo alguns saem do anonimato da multidão para se aproximar do infeliz e tentar ajudá-lo. "Quer um copo d´água?", "Você não pode ficar assim...", "Olha, aconteceu coisa parecida comigo, deixa eu te...".

Chorar em público traz à baila a questão da fraqueza. Pare de chorar. "Você é um homem ou um rato?" O homem aqui tomado como geral, pode ser homem como pode ser mulher. Chorar pertence à nossa intimidade, o ato de chorar sempre foi considerado como algo particular que constrange o outro e por isso deve ser velado, escondido ou exorcizado em um quarto escuro. Ninguém pode saber. Então se eu choro e o outro vê, me sinto fraco porque estou trazendo algo da minha interioridade, do meu "Eu" verdadeiro que falha, uma falha no sistema.

Assim, chorar em público tem ficado cada vez mais difícil e quando isso acontece parece o quinto ato de rigoletto, uma tragédia grega. Não é à toa que os jornais vendem diariamente manchetes trazendo rostos super expressivos se debulhando em lágrimas. Chorar virou algo de espetacular, mas não foi da noite pro dia porque ...assim... não estamos mais acostumados com "a passagem ao ato" do outro, isto é, expressar dor, ódio, tristeza não combina com a sociedade atravessada pelo "american way of smile".