terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Quando nasci,o mundo das idéias disse: Desce e pseudeia!

E aí seu ano novo foi assim... como o da Hebe?

Aposto que fizeram muitas listas, promessas, projetos e dúvidas se tudo isso vale a pena. Não chorem ainda não porque tenho uma canção ou melhor um funk!
Pra começar 2008 com pé direito vou contar a história da subjetividade, tão pseudeada aqui neste blog. E como não poderia ser, vamos pseudear mais e mais porque esse ano não é só mais um ano, mas sim o ducentenário da vinda da família real ao Brasil.(E o kiko?)
Assim, a subjetividade dessa época também será privilegiada assim como a nossa época, a pós-modernidade que é rica em questões de extrema relevância para a sociedade. Então terminaremos a genealogia da subjetividade digna de Foucault com o momento pós-moderno com a participação de Deize Tigrona. Além disso, teremos participações especiais da Menina Pastora, Jerry Springer e outros que trabalham com afinco na produção de subjetividades.

Curiosos? Então que comece a pseudear subjetividades!

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A HISTÓRIA DA SUBJETIVIDADE: DA GRÉCIA A DEIZE TIGRONA

Já dizia Platão e a torcida grega do flamengo que nós não somos coisa alguma. Somos menos alguma coisa que alguma coisa está em mim e esse sou eu. Na verdade, é mais um ele que sou eu, pois somos nada mais nada menos uma alma que não é minha, individual, mas sim uma alma universal que circulava no mundo das idéias antes de eu nascer.
Não havia subjetividade interiorizada com experiências ancorada em um "eu".Nem um eu que mantem cuidados de si para si mesmo, é um eu que visa automedida, autocontrole que precisa se conhecer para domar seus vícios para então salvar sua pólis das garras de um tirano, é um eu para pólis. O sujeito grego tinha então uma espécie de subjetividade power ranger em que seu dever principal era ser um Megazord com toda sua força maximizada para eliminar a tirania da Rita Acapulco e sua turma.


Aí veio a tópica do cristianismo, que vigora até hoje só que de uma forma bem diferente. O homem santo se destacava da sua comunidade para encontrar os pensamentos infundidos por Deus. Assim, sua subjetividade se torna recatada, jogada para segundo plano que serveria de espaço privado que só seria aberto nas confissões do século XVI quando a Igreja foi a primeira a colocar os nossos desejos íntimos em um discurso. Pra você ver que essa história de contar intimidades para um estranho num espaço íntimo não é tão original assim...

Se o padre foi o precursor do psicanalista, consideramos que seu divã era arcaico, já que o indivíduo mal conseguia se ajoelhar naquela casinha de madeira comida por cupim. Os psicanalistas sacaram a idéia e compraram um divã bem acolchoado, reclinável e com almofadas caso no meio da sessão, quiser dormir para então acordar e contar o sonho que teve ao analista. Ainda conseguem uma boa grana com isso, já que ouvir o que você sonhou na noite passada ou o que desejou custa muito caro.


A Menina Pastora,atualmente uma das líderes mirins em subjetivação em massa pela religião , possui um poder que, salvo Xuxa, consegue dominar massas com seu olhar angelical e a voz doce impelindo o povo para um Deus que no vídeo ela diz suas qualidades num modo quase hipnótico.
http://www.youtube.com/watch?v=5_ep3ZqAi8I

Muitas pessoas preferem outros meios de produção de subjetividade como a TV. A TV dá formas de entender o mundo, de como se vestir e até mesmo de como representar na vida real como por exemplo, chorar de um lado só quando está triste e aprender que todos nós temos duas caras, mesmo que exija muitas páginas da vida pra descobrir isso.

Jerry Springer, um apresentador da TV americana, que apresenta um programa que exibe conflitos pessoais regados a porradaria declarou uma vez fazer o certo, porque senão estaria errado. Ele quis dizer que seu programa é de grande audiência e assim é incontável o número de subjetividades que ele subjetiva. Muitas estratégias como o zoom nos corpos, especularização do conflito e até mesmo um fogo na lenha. É como se a vida fosse reduzida a conflitos que precisam se expôr, porque o que não acontece na TV muitas vezes não acontece. ( http://www.youtube.com/watch?v=aQej27tSpY0 )

A internet, mais especificamente, o orkut e o fotolog permitem meios de exposição que produzem outras formas de subjetividade. O sujeito não precisa se esconder do olhar público para ser mais autêntico, a fronteira entre o ser e o aparecer está diminuída e legitimamos subjetividade até mesmo nos textos bobos e nas fotos que postamos nos sites pessoais. O olhar público se estende cada vez mais para nossa intimidade, vide exemplo da foto abaixo.

(O Olho que tudo vê e nada vê.Seria o panóptico de Bertham? Hm aprecie o abstrato.)











Assim pseudeando subjetividades, arriscamos a idéia de que assim como a religião, a psicanálise, os meios de comunicação, o funk de Deise Tigrona é um meio de subjetivação.

No ano passado dei uma palestra exclusivamente sobre o assunto, não me vem a cabeça sobre exatamente o que era, mas é claro, lembro do título que eu mesmo fiz: "Deise Tigrona a alma: Subjetivação até o chão!"

Segue o resumo sobre a apresentação publicada no site de um congresso internacional de muita consideração:

"DEISE TIGRONA DO QUADRIL À ALMA: SUBJETIVAÇÃO ATÉ O CHÃO!"

Neste trabalho pretendo expôr a hipótese de que a nossa sociedade pós-moderna, os meios de subjetivação estão cada vez mais diversos e que a música, poderoso mobilizador de corpos, partindo da famosa frase de Foucault "Pelo corpo, atingimos a alma" atinge a alma quando instiga o rebolador com versos perniciosos como "está ardendo mas está entrando" ou "Injeção dói quando fura / Arranha quando entra / Doutor assim não dá / Minha poupança não agüenta". Essa pesquisa patrocinada pela CNPq e a FAPERJ tem como objetivo investigar as formas de subjetivação que os funks de Deise Tigrona realiza ao mobilizar os quadris dos indivíduos e através deles atingir a alma.


Esse pequeno resumo ilustra minha curiosidade pela cantora que mobiliza multidões, passando da erotização a autoerotização, do próprio cuidado com o remelexo, com a interiorização da rebolada.

É isso minha gente, até o próximo post do ano que contará com a presença de Fafá de Belém e a visibilidade!