segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A saga do Frank ...(ic)... Frankenstein.

Anos e anos lecionando na faculdade de Cambridge, dando palestras pelo mundo afora e escrevendo os títulos dos melhores best-sellers, nunca imaginei vivenciar esse momento de extrema importância e que deixará marcas até eu virar cinzas. Uma coisa gosmenta, acizentada com algumas regiões brancas, com a forma achatada e se encontra em dobras. É... eu achei o cérebro!

Eram altas horas da noite quando ouvi um barulho no andar de baixo, mais exatamente, no sótão onde fica minha adega com os melhores vinhos do Brasil e talvez do mundo. Curioso e destemido como eu não existe, então parti para saber o que estava acontecendo. Coloquei meu roupão de seda, minhas pantufas pois se eu saísse da minha quente e colocasse meus pés no chão frio seria motivo de mau humor para o dia inteiro. Durante o caminho pensei no que poderia ser essa hipótese: Será que é o meu filho que decidiu bebericar um Romanée-Conti ou Château Latour? Não, ele é adepto da Cantina da Serra mesmo.

Fiquei mais impressionado com o ritmo a cada passo mais próximo, parecia uma escola de samba. Será que estão fazendo uma festa surpresa pra mim e chamaram a bateria da Mangueira pra comemorar? Mas meu aniversário já passou e os meus amigos mais próximos sabem que de samba eu só gosto de Cartola, meu amigo de infância.

Quando cheguei então na porta, o barulho parou. Resolvi abrir... A porta estava entreaberta e lá se encontrava o meu maior segredo com vida! O meu Frankenstein!
Anos e mais anos de pesquisa tentando encontrar um segredo, qualquer que fosse, para animar a minha experiência mais extravagante de toda minha vida. Eu já havia até esquecido dela.

Mas... como ele conseguiu vida?

Eu fui conversar com ele, afinal, ele possuía o cérebro de Bernard Shaw e com certeza saberia se expressar da melhor forma possível. Porém, notei que alguns meus "Sauvignons" estavam abertos e to-tal-men-te vazios. Então percebi que meu querido recém-nascido tinha um forte pra bebida.

"-Oh man, I lost count of how much I have drunk!Could you take me home?"

Não tinha escolha senão concordar e levantar Bernard Shaw no corpo de um homem de mais de 90 quilos e carregar até o quarto de hóspedes. Assim que chegamos, ele se jogou na cama e apagou.
A partir daí eu sei que o seu sistema modulador estava ativo desativando seu locus coeruleus que assim diminuia a quantidade de adrenalina no cérebro de Shaw o embalando para uma noite tranquila.

Eu apaguei a luz do quarto e disse em voz baixinha: "Good night, Bernard." E fui dormir.